quinta-feira, 8 de abril de 2010

COMO TUDO COMEÇOU...

"A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra: 'O que? Você também! Pensei que eu era o único." (C. S. Lewis)

Poderíamos resumir, nas palavras do brilhante escritor C. S. Lewis, a maneira como o GAPENDI surgiu, ou seja, a partir de uma sincera amizade que começou quando descobrimos que não éramos as únicas portadoras de Endometriose.

Foi através de “Comunidades Virtuais” que este encontro aconteceu pela primeira vez. Estranhamente, mesmo sem nos conhecermos, a dor que sentíamos – no corpo e na alma – nos uniu.

Com o tempo percebemos que boa parte da nossa angústia e inquietação estava na falta de informação sobre a doença. E assim, começamos a trocar idéias e pesquisar mais sobre a Endometriose.

A partir daí, uma turma de amigas do Rio de Janeiro, teve a idéia de montar um Grupo de “EndoAmigas” com o objetivo de orientar, acolher, dividir experiências e, principalmente, informar sobre a doença. Com o apoio e parceria do “Instituto Movendo”, as meninas cariocas começaram a fazer um lindo trabalho de divulgação da Endometriose.

Incentivadas pelas nossas colegas – que a esta altura já não eram mais “virtuais” – e percebendo a necessidade de ampliarmos o trabalho de divulgação da Endometriose, surgiu em nós o desejo de montarmos o “GAPENDI - Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade”.

Nosso grupo ganhou sua própria comunidade virtual, inaugurada em 21 de Abril de 2009. De lá prá cá realizamos vários encontros e atividades, e hoje mantemos um grupo no Facebook com mais de 1.500 membros e continuamos crescendo cada vez mais!

Para realizarmos nossos projetos, contamos com a importante parceria e apoio da CPCG - Clínica Paulista de Cirurgia Ginecológica (Dr. Edvaldo Cavalcante), além disto, mantemos em constante atualização nossa Comunidade no Orkut, no Facebook e também aqui, no Blog.

Como portadoras, nosso maior desejo é divulgar a doença, pois sabemos que a informação é a melhor arma contra a Endometriose.

Junte-se a nós!!

GAPENDI - GRUPO DE APOIO ÀS PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE E INFERTILIDADE





ENDOMETRIOSE - SABENDO E APRENDENDO A CONVIVER!

O que é Endometriose?


A Endometriose é uma doença crônica que ocorre quando o tecido que reveste a cavidade uterina (chamado Endométrio) é encontrado fora do útero, ou seja, dentro do abdômen. Acomete, principalmente, as mulheres em idade reprodutiva, podendo gerar Dor Pélvica e/ou Infertilidade.


Quais os órgãos mais atingidos pela doença?

A Endometriose pode estar presente em qualquer lugar da cavidade pélvica, como por exemplo, nos ovários, tubas uterinas, ligamentos que sustentam o útero, na área entre a vagina e o reto (septo retovaginal), na superfície externa do útero e no revestimento da cavidade pélvica (peritôneo).

Em alguns casos, a Endometriose também pode atingir outros órgãos, como a bexiga, intestino, vagina, colo do útero, vulva e cicatrizes cirúrgicas abdominais. Existem ainda, relatos que mostram focos de Endometriose em locais raros, como a pele, pulmão, coluna vertebral e cérebro.


Quais são as causas?

Várias hipóteses tentam explicar o que faz uma mulher desenvolver a Endometriose. Infelizmente, nenhuma destas teorias foi comprovada e por isto dizemos que a Endometriose é uma doença enigmática, causada por uma combinação de fatores.


No entanto, há um consenso entre os pesquisadores de que a Endometriose pode ser agravada por um hormônio feminino conhecido como “Estrogênio”. Esta descoberta direciona a maior parte dos tratamentos propostos para a doença.


Como a Endometriose se desenvolve?

Os focos de Endometriose se comportam da mesma forma como o endométrio dentro do útero, isto é, eles crescem e se desenvolvem de acordo com o Ciclo Menstrual. Assim, na época da menstruação, o sangue acumulado nestes focos, não tendo para onde sair, caem na cavidade abdominal, causando inflamação e muita dor.


Com o passar do tempo, a inflamação se intensifica, podendo gerar nódulos que se infiltram nas paredes dos órgãos, trazendo muitos prejuízos à saúde da mulher. Além disso, é muito comum que se formem “Aderências”, prejudicando a anatomia pélvica feminina e sendo um dos motivos de dor e infertilidade.


Quais os principais sintomas da doença?

O principal sintoma da Endometriose é, sem dúvida, a DOR PÉLVICA que pode ser sentida antes, durante ou após a menstruação ou ainda estar associada à dor durante a relação sexual (dispareunia).


Outro sinal importante e que assusta muitas portadoras, é a INFERTILIDADE. Estima-se que 30 a 40% das mulheres com Endometriose tenham dificuldades para engravidar.


Sintomas como diarréia ou prisão de ventre, distensão abdominal, hemorragia intensa ou irregular e até fadiga, também podem estar presentes na portadora de Endometriose.


Como uma mulher descobre que é portadora da doença?

O diagnóstico da Endometriose depende primeiramente da experiência do médico ginecologista. Ele precisa estar atento aos sintomas, especialmente, quando a queixa se relacionar à cólica e/ou infertilidade.


Ter cólica pode ser normal, mas o surgimento dessas cólicas em mulheres que nunca apresentaram esse sintoma antes, ou ainda, o aumento da sua intensidade, pode ser o primeiro sintoma do aparecimento dessa doença.


Um exame ginecológico detalhado realizado por um especialista, pode contribuir em muito para aumentar a suspeita diagnóstica e /ou avaliar o grau de comprometimento dessa doença.


A partir daí, alguns exames laboratoriais e de imagem poderão ser realizados. Dentre eles, destacamos: dosagem sanguínea do Ca125, Ultrassonografia Transvaginal com Preparo Intestinal, Ecocolonoscopia e a Ressonância Magnética.


No entanto, a certeza diagnóstica só poderá ser obtida através do exame anatomopatológico da lesão, ou biópsia, que é obtida preferencialmente na cirurgia de Videolaparoscopia.


Existe uma classificação para a Endometriose?

Sim. A Endometriose é uma doença que se apresenta de diferentes maneiras e com variações de intensidade (de mínima à severa). Por este motivo, realizou-se um “estadiamento (estudo) clínico” das lesões a fim de facilitar o planejamento da terapia, determinar o prognóstico e padronizar a comunicação entre os médicos.


Uma das formas de classificação da doença pode ser feita de acordo com a localização e tamanho das lesões. Neste caso, podemos classificar em Endometriose Graus I (mínima), II (leve), III (moderada) e IV (severa). Em outro tipo de classificação pode ser baseada pela profundidade dos implantes no tecido.


Em relação à profundidade, a lesão endometriótica pode ser superficial, quando a infiltração ocorre até 2 mm abaixo da superfície do peritônio, intermediária, de 2 a 5 mm, e lesão endometriótica profunda, definida como sendo aquela que infiltra mais de 5 mm na profundidade.


As lesões profundas são aquelas que estariam mais associadas à dispareunia (dor na relação) e à algia (dor) pélvica. As lesões endometrióticas intermediárias e profundas provocam a persistência dos sintomas dolorosos até que a retirada total da lesão seja realizada.


Quais os tipos de tratamentos disponíveis?

Embora não haja a cura para a Endometriose, o tratamento pode aliviar a dor e melhorar a fertilidade. A conduta médica dependerá da gravidade dos sintomas, da idade da paciente e do desejo de engravidar. Desta forma, podemos tratar a doença com:


·Analgésicos e Antiinflamatórios não-esteróides – para controle da dor;


·Terapias Hormonais – Anticoncepcional Oral Combinado, Progestogênios, DIU-Mirena, Análogos do GnRH, Danazol e outros.


·Cirurgia – Videolaparoscopia ou Robótica.


·Terapias Alternativas – Psicoterapia, Acupuntura, Exercícios Físicos, Alimentação Balanceada, Homeopatia e outros.


Como é feita a Videolaparoscopia?

A cirurgia por via laparoscópica é o “padrão ouro” no diagnóstico da Endometriose e é também uma excelente forma de tratamento.


A Videolaparoscopia é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões (de 5 a 10 mm) no abdômen, por onde se introduz o laparoscópio que é na verdade uma lente de aumento que permite ao médico examinar com cuidado todas as estruturas pélvicas à procura de focos e implantes de Endometriose.


Este procedimento é obrigatoriamente realizado em Centro Cirúrgico e é feito sob Anestesia Geral. O profissional precisa ser experiente, ter profundo conhecimento da pelve feminina e saber identificar e tratar os diferentes tipos de lesões de Endometriose.


Como é feita a Cirurgia Robótica?

Com o avanço da tecnologia, alguns equipamentos vêm sendo incorporados ao ato operatório, dentre eles os robôs. Conhecido como Da Vinci, o robô proporciona ao cirurgião, sentado a poucos metros da mesa cirúrgica – no console de controle – uma visão em 3D do campo cirúrgico.


O robô não opera sozinho. Com as mesmas incisões da videolaparoscopia, o cirurgião realiza todos os seus movimentos através de comandos similares a joysticks localizado abaixo da tela de visão.


Essa tecnologia proporciona ao cirurgião movimentos cirúrgicos com maior precisão e melhor campo de visão.


De que maneira a Endometriose prejudica a fertilidade?

A infertilidade pode ser uma das conseqüências da Endometriose. As mulheres não só estão lidando com uma doença debilitante, mas também estão com medo de não poder ter filhos.


Existem muitos mecanismos com os quais a endometriose afeta a fertilidade. Cicatrizes ou aderências na pelve, por exemplo, podem causar infertilidade. Estas aderências podem envolver as tubas uterinas, ovários e útero prejudicando a anatomia e o funcionamento adequado destes órgãos. Pode ainda haver obstrução tubária, problemas na ovulação, dificuldade de implantação do embrião no útero e outras questões imunológicas.


Como aprender a lidar com a doença?

Além da dor e da infertilidade, a Endometriose também prejudica substancialmente a qualidade de vida da portadora. As pacientes com esta patologia podem experimentar dificuldades nas relações sexuais e diminuição da libido. As experiências insuportáveis da dor e a incompreensão da doença levam muitas mulheres a desenvolverem quadros de Depressão e Instabilidade Emocional que refletem negativamente na vida social, amorosa e profissional.


Por tudo isto, a paciente de Endometriose precisa receber um atendimento especializado, aonde possa ter informações e tratamento adequados, visando o controle da doença e conseqüentemente, uma melhoria na qualidade de vida.


Fazer parte de um grupo de mulheres com Endometriose, na finalidade de trocar experiências e buscar apoio, também pode ser uma boa maneira de lidar com as adversidades causadas pela doença.

Luciana Diamante