sábado, 22 de janeiro de 2011

VERDADES E MENTIRAS SOBRE A ENDOMETRIOSE



Boa noite, guerreiras!

Hoje vamos falar sobre as "Verdades e Mentiras" da endometriose. Não é raro lermos ou ouvirmos comentários totalmente equivocados sobre a nossa doença. Isto acontece porque a endometriose é um verdadeiro enigma. Cada um faz sua própria tentativa de explicá-la, baseando-se nas suas próprias experiências ou na história que ouviu de uma amiga, prima, irmã, cunhada...

Ao longo da minha caminhada ouvi (e li) muitas dúvidas, mitos e asneiras sobre a endometriose. E acredito que é importante tentar organizar um texto que procure explicar e desmistificar a doença.

Vamos, então, para algumas das "Verdades e Mentiras" sobre a endometriose:

1) A Endometriose é uma doença no útero. MENTIRA!


Há um grande equívoco nesta afirmação. A endometriose é uma doença crônica que ocorre quando o tecido que reveste a cavidade uterina (chamado endométrio) é encontrado fora do útero, ou seja, dentro do abdômen. Ela pode estar presente em qualquer lugar da cavidade pélvica, como por exemplo, nos ovários, tubas uterinas, ligamentos que sustentam o útero, na área entre a vagina e o reto (septo retovaginal) e no revestimento da cavidade pélvica (peritôneo). Eventualmente, a endometriose pode surgir na superfície externa ou na musculatura interna do útero, neste caso recebe o nome de "Adenomiose". Vale lembrar que em alguns casos, a Endometriose também pode atingir outros órgãos, como a bexiga, intestino, vagina, colo do útero, vulva e cicatrizes cirúrgicas abdominais. Existem ainda, relatos que mostram focos de Endometriose em locais raros, como a pele, pulmão, coluna vertebral e cérebro.


2) A Endometriose é uma doença sem cura. VERDADE!


Infelizmente, a endometriose AINDA NÃO tem cura. Digo, "ainda" porque existem algumas pesquisas em andamento e acreditamos que logo, logo encontrarão nossa tão sonhada "cura". Porém, devo dizer que EXISTE TRATAMENTO, e para muitas mulheres, é possível controlar seus sintomas através de uma combinação de tratamentos prolongados.


3) A Endometriose é uma doença infecciosa que pode ser transmitida sexualmente. MENTIRA!


Apesar de não se ter conhecimento exato sobre a causa da endometriose, sabe-se que ela NÃO pode ser transmitida de um ser humano para outro e não é uma doença infecciosa.


4) A Endometriose pode ser hereditária. VERDADE!


Pode ser, não se sabe ao certo se é. O fato é que pesquisas mostram que parentes de primeiro grau de mulheres com esta doença têm mais probabilidade de desenvolver a endometriose. Recentemente foi publicado o resultado parcial de um estudo que visava descobrir as variantes genéticas que poderiam estar associadas ao aparecimento da Endometriose. Ao que parece, descobriram que dois cromossomos (1 e 7) podem estar intimamente relacionados ao desenvolvimento da doença, o que daria características genéticas à mesma. A pesquisa continua em andamento. Vamos aguardar para novas informações.


5) Cólicas moderadas durante a menstruação são normais. MENTIRA!


Esta afirmação é totalmente equivocada e perigosa! É claro que esta idéia vem arraigada em nossa cultura há algum tempo. Nossas mamães, vovós, titias já nos diziam isto: "Cólica é normal, quando você casar passa". Não é culpa delas. Naquela época (a da vovó principalmente), pouco se diagnosticava a endometriose por vários motivos. Primeiro, porque as mulheres passavam menos tempo menstruando (iam tendo um filho após o outro) e segundo porque a endometriose era uma completa desconhecida, até para os médicos! Com o passar dos anos muitas coisas mudaram. As mulheres sairam de casa e foram atrás da sua carreira profissional; casamento e filhos ficaram para segundo plano. Com isto passaram a menstruar mais vezes e ficaram bem mais estressadas. Nada de errado com estas mudanças, não fosse pelo fato de que este "novo estilo de vida" está entre uma das explicações dadas para a causa da endometriose. Quer dizer: quanto mais menstruações e mais estresse, maiores as chances de desenvolver a doença. Desta forma, as cólicas durante o período menstrual, têm levado muitas mulheres aos consultórios dos ginecologistas e, infelizmente, alguns destes médicos continuam ouvindo nossas avós! Conheço várias meninas que descobriram a endometriose tardiamente porque ouviram seus próprios ginecologistas dizerem que sentir cólica é normal! Olha o perigo! Por isto, muita atenção: se você sofre com cólicas durante o período menstrual e está reparando que elas não passam nem tomando aquele analgésico que está acostumada, fique atenta! Pode ser endometriose! Ou não! Na dúvida, investigue!


6) Mulheres com endometriose nunca poderão engravidar. MENTIRA!


O legal de contestar esta afirmação é que temos várias portadoras que podem comprovar exatamente o contrário! É claro que a infertilidade está entre um dos principais sintomas desta doença. É fato também que as portadoras de endometriose têm muito mais dificuldade para engravidar em comparação às outras mulheres, pois a doença pode causar obstrução tubária, aderência entre os órgãos, cistos ovarianos e inflamação na pelve. Mas isto não quer dizer que jamais conseguirão. Felizmente, hoje, com o avanço da medicina e das técnicas de Reprodução Assistida, é possível tratar a endometriose de forma que a mulher consiga alcançar seu desejo de engravidar. Claro, nem todas têm acesso a estes tratamentos, e mesmo as que tem, podem nunca engravidar, pois existem inúmeros outros fatores (relacionados ou não à endometriose) que também podem dificultar a gravidez.


7) Mulheres com endometriose sofrem com dores incapacitantes. VERDADE!


Nas postagens anteriores, falamos muito sobre as "dores da endometriose". A dor é o principal sintoma da doença e o principal problema também! A inflamação dos órgãos, as aderências, os cistos ovarianos, o sangramento abdominal são alguns dos motivos para as dores. Algumas mulheres relatam sentir dor todos os dias, outras sentem durante a menstruação, e outras têm dores específicas, como para evacuar ou urinar. O fato é que a doença causa dor e por isto nunca se deve deixar de tratá-la.


8) A histerectomia (retirada do útero) cura a endometriose. MENTIRA!


Algumas pessoas imaginam que se o útero da portadora de endometriose for retirado, ela estará curada da doença, pois não irá mais menstruar! Isto seria verdade se a endometriose fosse uma doença no útero. Mas... como já desmistificamos no primeiro item da nossa lista, a endometriose é uma doença que acomete, principalmente, os órgãos fora do útero. O que quer dizer que mesmo sem o útero, a portadora de endometriose continua a menstruar! Sim, pois os implantes de endométrio que se encontram "grudados" em outros órgãos, responderão ao estímulos hormonais e funcionarão como pequenos endométrios, crescendo e menstruando, com a diferença que, neste caso, o sangue não tem como sair do corpo, acumula-se na pelve causando inflamação, aderências e todos os sintomas que já mencionamos. Logo, a histerectomia é um último recurso que não garante um alívio completo das dores e só surtirá efeito se for possível retirar todos os implantes da doença durante a cirurgia. Difícil...


9) A gravidez cura a endometriose. MENTIRA!


Recentemente li a entrevista de uma atriz global fazendo a seguinte afirmação: "Conheci mulheres com a doença, mas depois que elas têm filho o problema passa". A falta de informação é algo muito prejudicial para as portadoras da doença. Sempre ouvimos que o melhor tratamento para a endometriose é a gravidez. Ok! Isto é verdade. A gravidez serve como um tipo de TRATAMENTO natural para CONTROLAR a doença, mas não traz a cura e não faz o "problema passar"! Aliás, a endometriose não é como um simples resfriado que "vai passar", é na verdade uma doença crônica, e como já dissemos, sem cura.  Além disto, preciso dizer que chega a ser irritante e incoerente quando os médicos nos mandam engravidar. Oras! Não é justamente esta a nossa maior dificuldade? Engravidar?  Coisa mais sem sentido!


10) Portadoras de endometriose são mais vulneráveis à depressão. VERDADE!


Acredito que todas as pessoas com algum tipo de doença crônica, estão mais propensas à depressão. Com a portadora de endometriose não é diferente. Sendo uma doença tão complexa, cheia de dores e infertilidade, com um tratamento longo, difícil, e por vezes, sem resultados; é compreensível ficar deprimida. E, para piorar, muitas vezes somos mal compreendidas, nos deixando a sensação de estarmos sofrendo sozinhas com a doença. Quando a depressão aparece, a melhor solução é buscar ajuda, seja através dos grupos de apoio (virtuais ou não), tratamento psicoterápico, ioga, acupuntura, religião, entre outras. O importante é não se entregar à doença e à depressão.



11) A endometriose é uma doença de mulher branca, com ensino superior e classe média alta. MENTIRA!


Deslavada! Eu gostaria muito de ficar frente a frente com o responsável por espalhar tamanha asneira! A única verdade nesta afirmação é que a endometriose é uma doença de mulher (os homens podem ficar despreocupados quanto a isto)! É bom que fique claro: A endometriose é uma doença de QUALQUER mulher em fase reprodutiva (é mais difícil desenvolvê-la depois da menopausa). Ela não escolhe cor de pele, grau de escolaridade, muito menos classe social econômica. Eu arriscaria até em dizer que a maior parte das portadoras gostariam de poder ser ricas para tratar a doença!


12) A endometriose é uma doença maligna como um câncer. MENTIRA!


Explicamos que na endometriose, células do endométrio, crescem e se desenvolvem fora do seu lugar habitual, ou seja, em outros órgãos. Esta característica se assemelha muito com a formação do câncer e por isto, algumas vezes, os focos e nódulos da endometriose são comparados a um "tumor benigno". Apesar da semelhança entre o mecanismo das duas doenças, sabe-se que a relação entre endometriose e câncer é muito pequena, algo em torno de 0,5% a 1% dos casos. Além disto, a endometriose não é letal, apesar de causar muitos incômodos.


13) Os remédios naturais e fitoterápicos são melhores para o tratamento da endometriose, pois não causam os efeitos colaterais indesejáveis do tratamento convencional. MENTIRA!


Quem nunca ouviu uma amiga ou parente indicando um chá natural para eliminar cistos ovarianos ou para fazer uma "limpeza no útero"? Também não são incomuns as "garrafadas" para diversas patologias ginecológicas e estimulação ovariana. Sempre achamos que por "ser natural" não nos fará mal. Isto é um engano. Os remédios naturais e os fitoterápicos também possuem efeitos colaterais e nunca devem ser utilizados sem orientação médica. Aliás, em se tratando de endometriose, deve-se ter demasiado cuidado com a "auto-medicação", seja por remédios naturais ou medicações alopáticas (tradicionais).


14) A endometriose pode ser diagnosticada e tratada por qualquer médico ginecologista. MENTIRA!


Ah! Como eu gostaria que fosse verdade! Infelizmente nem todos os ginecologistas estão suficientemente familiarizados com a doença a ponto de conseguir diagnosticá-la e tratá-la da maneira correta. Isto porque tanto o diagnóstico como o tratamento (especialmente o cirúrgico) são complexos e exigem especialização. Esta especialização envolve altos custos e necessita de muito tempo de estudo e prática. Penso que muitos ginecologistas não têm condições, oportunidade ou não demonstram interesse por esta área. Por este motivo, a disponibilidade de profissionais especializados é escassa, o que faz o tratamento se tornar oneroso e pouco acessível, deixando muitas portadoras sem atendimento adequado ou sofrendo nas filas de espera do Sistema Único de Saúde.


15) A única maneira de se obter o "diagnóstico de certeza" da endometriose é através da videolaparoscopia. VERDADE!


O diagnóstico é um assunto complicado em endometriose. Existem exames específicos (geralmente de imagem), realizados por médicos treinados, que conseguem levantar uma hipótese da doença. Além disto, um bom médico, é capaz de suspeitar apenas ouvindo as queixas da paciente e examinando-a clinicamente. Porém, o "diagnóstico de certeza" só pode ser obtido através da videolaparocospia - cirurgia minimamente invasiva. Esta cirurgia serve tanto para diagnosticar, como para tratar, pois o médico utiliza uma lente de aumento que possibilita visualizar e retirar amostras dos focos e implantes da doença. Estas amostras são obrigatoriamente enviadas ao laboratório a fim de que seja realizado um exame anatomo-patológico que confirmará a presença ou não da endometriose. Atualmente, com o avanço dos exames por imagem, os especialistas aconselham um "mapeamento" da doença, antes de partir para a videolaparoscopia, preparando-se melhor para a cirurgia, e evitando, assim, a necessidade de submeter a paciente a vários procedimentos cirúrgicos desnecessários.


É isto. Caso alguém se lembre de mais alguma "Verdade ou Mentira" sobre a endometriose, fique à vontade para postar nos comentários.

Até a próxima!

Luciana T. Golegã Diamante

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

AS DORES DA ENDOMETRIOSE - PARTE 2

No texto anterior falamos das dores físicas que a endometriose nos causa. Neste texto vamos falar de um outro tipo de dor...

* A DOR "NA ALMA" DA ENDOMETRIOSE:

Quando falamos em dor pensamos em uma "sensação" mas, vivenciando a endometriose descobri que a dor é mais que isto, é também "emoção".

Corpo e alma são atingidos pela dor da endometriose e é por isto que muitas vezes, mesmo após um correto tratamento cirúrgico, algumas mulheres continuam sentindo fortes dores pélvicas, como se nunca tivessem sido tratadas. Talvez seja a tal "memória de dor" que alguns médicos gostam de dizer que temos!


Seja como for, o fato é que as consequências desta doença são tão severas que começamos a sentir uma dor que vem de dentro, do nosso interior, do lugar mais profundo da nossa alma. É uma dor de quem está de luto, pois perdemos muitas coisas importantes para nossa vida em decorrência desta doença. Vejamos algumas:


1) A DOR DA INFERTILIDADE


No pacote de sintomas da endometriose está a tão temida Infertilidade. Logicamente, nem todas apresentam este sintoma, mas muitas mulheres, que possuem dificuldade para engravidar, são portadoras de endometriose. E ser infértil é algo que dói demais! Eu costumo dizer que é como levar uma facada no peito todos os dias, é como uma ferida aberta que nunca cicatriza, é como perder um filho que nunca pôde ser gerado... Mesmo a adoção, como muitas pessoas sugerem, nem sempre cura o desejo de ver a barriga crescer, de sentir as dores do parto, de ser capaz de gerar uma vida. O que mais dizer sobre esta dor? Não há como descrevê-la e garanto que só quem vive a infertilidade sabe o que estou falando.


2) A DOR NA VIDA PROFISSIONAL


A endometriose pode ser uma grande destruídora da carreira profissional e da independência financeira. Devido às dores, muitas mulheres simplesmente não conseguem levantar-se da cama para ir trabalhar. Algumas ultrapassam seus limites e trabalham se contorcendo de dor. É muito difícil ter que explicar ao chefe esta condição e na maioria das vezes ninguém no ambiente de trabalho consegue compreender. É frustrante e doloroso perder o emprego por causa desta doença. Sentimos como se fôssemos inúteis, como se em nós, não existisse aquela "força de mulher" que todos falam.


3) A DOR NA VIDA CONJUGAL

Como falamos, a endometriose causa dor na relação sexual. E, para algumas mulheres, dói de tal forma, que ter relações é quase uma violência! Infelizmente nem todos os parceiros são compreensivos e muitas mulheres sofrem por isto. É doloroso não poder dar e nem receber prazer, pior ainda é ser abandonada por isto.


4) A DOR NA VIDA SOCIAL


Infelizmente muitas portadoras de endometriose acabam entregando-se à doença. Não aguentam as dores, os tratamentos sem fim e sem resultados, os efeitos colaterais das medicações. Tudo isto vai fazendo com que elas se isolem, se afastem do convívio com outras pessoas, dando espaço para a depressão.


CONCLUINDO...


A depressão, o sentimento de "vazio", a sensação de estar "sozinha" e "esquecida" são resultados das dores da endometriose, tanto as físicas quanto as emocionais.


Muitas portadoras sofrem em silêncio, pois não são compreendidas ou têm medo de expor seus sentimentos.

É muito difícil "carregar" esta doença, e é muito difícil falar de todas estas dores que a endometriose nos causa. Porém, acredito que quanto mais espaço tivermos para expor nossos aflições e nossas dores, melhor iremos nos sentir.

Além disto, é importante que as pessoas que convivem conosco também possam conhecer e tentar compreender a dimensão da dor que a endometriose nos causa.

E, apesar de não ter abordado sobre "como reagir" nestes textos, quero deixar claro que existem soluções para todas estas dores e é perfeitamente possível conviver bem com a doença. Falaremos disto numa próxima postagem!

Luciana T. Golegã Diamante

AS DORES DA ENDOMETRIOSE - PARTE 1

Olá, meninas! Em primeiro lugar, Feliz Ano Novo!


Nesta primeira postagem (que foi dividida em duas partes) vamos falar sobre as "dores" da endometriose. Pode parecer estranho falar em "dores", no plural, mas esta nossa "doencinha" é muito mais complexa do que podemos imaginar! Conhecê-la, cada vez melhor, é fundamental!



A DOR é um tema central em endometriose, e isto não é novidade para nenhuma portadora! Mas, não é apenas a dor física que aflige e atormenta as "endometrióticas". Há um outro tipo de dor, também causada pela doença, que pode ser até bem pior do que aquela que sentimos no corpo!


Tenho certeza de que as mulheres com endometriose sabem do que estou falando, mas pensei em publicar este texto para que outras pessoas leigas no assunto - maridos, namorados, pais, irmãos, amigos -  possam compreender o sofrimento que há por trás daquela frase que tantas vezes repetimos: - "Estou com dor!"


Vamos, então, conhecer os principais Tipos de Dores causadas pela Endometriose:


*A DOR FÍSICA DA ENDOMETRIOSE


1) DOR DA CÓLICA

Cólica: uma palavrinha bem familiar para as mulheres! De acordo com a Wikipédia, a cólica é uma dor que ocorre em órgãos ocos, especialmente estômago, intestino e útero. Caracteriza-se por ciclos de dor intensa, com aumento gradual da intensidade até um pico e depois melhora lentamente.
Neste texto, nos interessa conhecer a cólica do tipo menstrual, ou como é conhecida pela medicina: Dismenorréia.

É importante falar que a cólica de quem tem endometriose é diferente da cólica de quem não é portadora da doença. Muitas vezes, esta diferença é ignorada pelos médicos e é aí que mora o perigo!  Vamos compreender melhor:

A Dismenorréia (ou cólica menstrual) pode ser divida em Primária ou Secundária.


A Dismenorréia Primária é a cólica regular que atinge 50% das mulheres em idade fértil. Costuma aparecer logo após as primeiras menstruações e não é causada por nenhuma doença, por isto é chamada de "primária". Tende a desaparecer com o final do período menstrual e não está presente nos outros dias do ciclo. A dor, neste caso, vai e volta, e é provocada por uma substância chamada "prostaglandina", que acompanha a descamação do endométrio pelo útero (menstruação).
Geralmente, este tipo de cólica pode ser aliviada com bolsa de água quente, remédios naturais ou  anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).


Na Dismenorréia Secundária existe uma causa para a dor. Costuma aparecer após alguns anos da primeira menstruação, ou em decorrência à alguma doença que a mulher tenha desenvolvido. A nossa doença está entre uma das causas deste tipo de cólica. No caso da endometriose, a cólica é a das mais fortes. Sentida em toda região pélvica, pode aparecer com grande intensidade antes, durante e depois da menstruação e piora a cada novo ciclo. No início da doença, é facilmente confundida com a cólica regular das mulheres, pois pode começar com baixa intensidade e melhorar com antiinflamatórios. Geralmente os médicos só passam a desconfiar que é endometriose quando a paciente reclama de fortes dores pélvicas e abdominais que a impossibilitam de trabalhar, estudar e levar uma vida normal.

Em suma, a cólica da endometriose não é uma simples dorzinha. É uma dor constante que não passa com qualquer antiinflamatório e que muitas vezes precisa de medicamentos controlados para melhorar.

2) DOR NA RELAÇÃO SEXUAL

A Dispareunia, dor na relação sexual, é uma das queixas mais frequentes entre as portadoras de endometriose. Em geral, aparece quando a penetração é profunda e tende a ser mais intensa no período pré-menstrual. A dor é tão incômoda que muitas mulheres passam a ter sua vida sexual prejudicada.

3) DOR PARA EVACUAR

Como já falado em nosso blog, a endometriose pode atingir órgãos importantes, como o intestino. Conhecida como Endometriose Pélvica Profunda,  trata-se de um estágio avançado da doença e que não responde bem ao tratamento clínico.

A dor para evacuar, especialmente durante a menstruação, é um dos sintomas da presença da endometriose neste órgão, além disto pode haver constipação intestinal, distenção abdominal e em casos mais severos, sangramento no momento da evacuação (enterorragia).

4) DOR AO URINAR

A Endometriose Vesical (que atinge a bexiga) é provavelmente a causa da dor e/ou desconforto que certas mulheres sentem para urinar. Este sintoma pode ser confundido com outras doenças do aparelho urinário, como por exemplo a "Cistite". No entanto, a característica marcante deste tipo de dor é que ela se intensifica muito durante a menstruação, ou seja, para estas mulheres um ato simples como "fazer xixi" pode se tornar uma experiência dolorosa e frustrante.

CONCLUINDO...

Apesar deste quadro dramático de dor, muitas portadoras são obrigadas a ouvir (certamente de pessoas que não entendem nada da doença) que estão com "frescura", ou "fingindo" a dor.

É até compreensível que os outros pensem assim, afinal, não é possível ver, através da pele, para observar o tamanho da inflamação que uma portadora de endometriose tem em seus órgãos pélvicos.


Se tivéssemos a pele transparente, aposto que a visão dos nossos órgãos (inflamados e sangrando durante a menstruação) seria tão assustadora que ninguém mais duvidaria da nossa dor.

Mas, sem dúvida alguma, a endometriose nos traz um outro tipo de dor que não é exatamente aquela sentida em alguma parte do nosso corpo, mas sim dentro da nossa alma. E é disto que trataremos na segunda parte desta postagem!

Compartilhe conosco: qual o tipo de dor física a endometriose lhe causa?

Luciana T. Golegã Diamante