quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os "Super EndoMaridos": A importância do marido (namorado, namorido, parceiro) no tratamento da Endometriose

"(..) recebo-te agora para o melhor e para o pior, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, para amar-te e honrar-te, até que a morte nos separe (..)"


"Era apenas mais um dia de consulta com o ginecologista. Como sempre, chamei meu marido para me acompanhar. Desde que descobri a endometriose, ele me acompanha em todas as consultas. Comporta-se direitinho. Entra comigo no consultório, ouve atentamente ao médico, faz perguntas; mas quando chega o momento de ser examinada, geralmente ele não é convidado a participar. É uma atitude que parte principalmente do médico, certamente para preservar a paciente em um momento tão constrangedor. Nunca mudei esta "regra ética" e sempre fiquei muito satisfeita apenas com o fato de ter meu marido participando da minha consulta.

Porém neste dia, estava programado realizar uma ultrassonografia transvaginal no próprio consultório. Como de costume, entramos na sala, sentamos à frente da mesa do médico e depois de uma breve conversa, recebi aquele conhecido "pedaço de pano que nunca fecha direito" (o avental que não esconde nada) e fui instruída a ir ao banheiro e retirar toda a parte de baixo da minha roupa. Deitei-me naquela "maravilhosa" posição ginecológica, descendo o bumbum até quase cair da cadeira, e antes que o médico começasse a se preparar para fazer o ultrassom, tive a idéia de chamar meu marido para participar pela primeira vez de um exame comigo. Para os casais que já tiveram filhos, pode parecer estranho o que estou escrevendo, afinal é natural que o homem (pai) entre na sala de exames para acompanhar o procedimento da sua esposa grávida, afinal ele está lá para ver seu filho. Porém, para um marido de uma "endometriótica" que nunca engravidou, assistir a um ultrassom transvaginal da esposa, pode ser uma experiência bem diferente.

Timidamente ele se levantou e se direcionou ao local do exame. Quando me viu, com as pernas abertas, naquela posição com "tudo" exposto, ficou estático, olhando fixamente para esta cena. Olhei para o rosto dele e ele nem piscava, parecia um tanto assustado. Ficou uns 2 minutos assim, parado, olhando entre minhas pernas, como quem não sabia o que fazer. Para não ficar muito constrangedor, pedi que ele viesse para mais perto de mim (para que olhasse meu rosto), aonde também poderia acompanhar o exame através do monitor. Quando o médico tirou a "camisinha" para colocar no transdutor (aquele aparelhinho que é inserido dentro da gente) meu marido não pôde deixar de comentar: - "Ah, olha só, é uma camisinha!" Antes que o médico pudesse explicar, eu mesma respondi, em um tom sério, que esta era uma forma de proteção, já que um mesmo transdutor é usado em outras mulheres. Prosseguimos com o exame. Meu marido parecia bem mais interessado nas imagens do que eu. Fez mil perguntas. Ao final, o médico me liberou e eu desci da maca tentando me esconder no avental transparente, um tanto acanhada, já que meu marido estava ali presenciando esta cena.

Quando saímos do consultório e entramos no carro, perguntei a ele o que tinha achado de ter participado comigo de um exame de ultrassonografia transvaginal. Ele prontamente respondeu: -"Olha, você sofre mais do que eu imaginava! É um exame muito constrangedor, invasivo, como você consegue estar ali, naquela posição, diante do médico? A partir de hoje vou te respeitar ainda mais, porque não me imagino na mesma situação que você." E eu respondi: - "Isto aí não foi nada. Na próxima vez vou te levar para acompanhar meu exame de Histerossalpingografia! Aposto que depois de presenciar este exame, você vai me "canonizar"!!!" :)


Não sei quantas de vocês já passaram por esta experiência, mas levar o marido (companheiro, namorado, namorido) a uma consulta ginecológica pode ser muito importante para o tratamento da endometriose. Aliás, incluir seu parceiro em todo o tratamento pode ajudar-lhe a enfrentar melhor a doença e também contribuir para uma melhor compreensão e cumplicidade entre o casal.

Veja abaixo algumas dicas sobre como incluir seu companheiro em seu tratamento e como isto poderá trazer benefícios a vocês:

I - APRESENTANDO A ENDOMETRIOSE AO PARCEIRO

Se compreender a Endometriose (que é uma doença totalmente enigmática) é difícil para nós, portadoras, imagine para nossos companheiros, que além de tudo, são homens! Às vezes, esta falta de informação pode ser muito prejudicial, pois pode levar seu parceiro a achar que você está com "frescura" quando diz ter dores, por exemplo. Desta forma, é super importante apresentar a Endometriose para ele. Você pode fazer isto de diferentes formas:

  • Encontre um bom texto sobre endometriose (com informações simples e objetivas) e entregue para seu companheiro ler;
  • Busque depoimentos de outras mulheres e leia-os para seu parceiro. Desta forma ele saberá que você não é a única mulher que sofre com a doença e nem ele o único marido de uma endometriótica (esta constatação é importante para que ele não se sinta culpado por sua doença);
  • Vejam juntos alguns vídeos explicativos sobre endometriose, mas selecione os que contem informações claras e para leigos, como reportagens, por exemplo.

II - FALANDO ABERTAMENTE SOBRE OS SEUS SINTOMAS

Depois de apresentar a endometriose de forma objetiva ao seu parceiro, é interessante explicar-lhe como é a SUA endometriose. Isto porque, apesar de estarmos falando sobre a mesma doença, a endometriose comporta-se de maneiras diferentes em cada mulher. Algumas sentem dores, outras não; muitas são inférteis, outras já conseguem engravidar, e assim por diante.

É importante que seu marido conheça como a endometriose te afetou, quais são os seus sintomas e como você lida com toda esta situação. Então, aí vão algumas dicas para que você possa falar sobre este assunto com seu amado:

  • Mostre os seus exames para ele. Especialmente o laudo. Mesmo que não seja possível entender nada sobre o que está escrito, é importante que ele possa ver documentado o diagnóstico da sua doença e em quais locais ela se encontra;
  • Diga-lhe quais são seus piores sintomas, explicando como e quando você os apresenta;
  • Comente como se sente emocionalmente em relação à endometriose, quais os seus medos e os seus sentimentos;
  • Fale sobre o tratamento, isto é, da possibilidade de submeter-se à uma cirurgia e também sobre os possíveis efeitos colaterais das medicações;
  • Conversem sobre o desejo de ter filhos. É importante que ele saiba que a endometriose pode dificultar a gravidez, mas não necessariamente impedi-la.

III - SOBRE A VIDA A DOIS

Um dos mais comuns e clássicos sintomas da endometriose é a DOR. Ela afeta diversas áreas da nossa vida, mas em especial a "vida a dois". É preciso ter muito amor e compreensão para que o casal possa superar este temível capítulo da nossa doença.

A dor pode afetar de diferentes maneiras o bom convívio entre os amantes, afinal quando sentimos dor ficamos irritadas, nervosas e sem paciência. E acaba sobrando pra quem? Sim, para os "Super Endomaridos"!!

Não é fácil ser marido (namorado, namorido, etc) de uma mulher com endometriose. Creio que todas nós temos consciência disto. Mas, precisamos fazer nossa parte para também ajudá-los a superar, junto conosco, as nossas dores. Aí vão algumas dicas:
  • É importante ser verdadeira em relação às suas dores. Utilizar como desculpa uma dor que não existe, pode desgastar o relacionamento e fazer com seu parceiro deixe de acreditar quando realmente você estiver sentindo dores;
  • Quando a dor atrapalhar aquele cineminha que estavam programando a tempos, sugira amorosamente outra atividade que você consiga realizar e que ao mesmo tempo possa estar juntinho dele, como por exemplo, ver um filminho no conforto de casa.
  • Na cama: seja sempre franca com seu parceiro. Se durante o ato sexual estiver sentindo dores, avise-o e peça para parar, você não precisa fingir prazer quando não o está sentindo. Quando temos um homem que verdadeiramente nos ama, certamente ele entenderá, afinal não deseja nos ver sofrendo.
  • Tentem descobrir juntos posições sexuais em que as dores não ocorram. É comum, em mulheres com endometriose, sentir dor durante a penetração profunda, portanto, evitar determinadas posições e testar novas, pode ser uma boa sugestão e ainda divertido!
  • Se a penetração for realmente impossível, descubra novas formas de amar. Neste caso, os dois precisam ser criativos e usar muita imaginação para tornar este momento tão sublime quanto realmente tem que ser.

IV - PARTICIPANDO DO TRATAMENTO

Muito bem! Já apresentamos a endometriose ao nosso parceiro, falamos sobre nossos sintomas e sentimentos em relação à doença e conversamos sobre como lidar com as nossas dores. Pois bem, a teoria está "ok"! Agora chegou a vez da "aula prática"! Que tal levar seu amado a uma consulta com você?

Tudo isto pode acontecer simultâneamente. Quer dizer, assim que você receber o diagnóstico da endometriose e estiver recuperada do susto, já pode começar a incluir seu companheiro no tratamento. E uma das melhores maneiras para começar é justamente levando-o a uma consulta com você! Para que isto dê certo, temos algumas sugestões:
  • Avise seu parceiro que você gostaria muito que ele a acompanhasse em sua próxima consulta;
  • Marque um dia e horário que ele possa estar com você, sem pressa;
  • Na noite anterior, preparem juntos a lista de perguntas e sintomas sugeridos no texto "A primeira consulta em Endometriose", publicado em nosso blog;
  • Durante a consulta, deixo-o livre para fazer as perguntas que desejar ao médico. É importante que ele não apenas a acompanhe, como também participe da consulta;
  • Se sentir-se à vontade, convide-o a entrar junto com você na sala de exames;
  • Certifique de que ele entendeu todas as recomendações do médico, incluindo as medicações e uma possível indicação de cirurgia. Desta forma, ele pode ajudar-lhe a tomar decisões que são importantes durante o tratamento da doença.
V - OS BENEFÍCIOS

Não é raro lermos depoimentos de mulheres que foram deixadas pelos seus companheiros, logo após o início dos sintomas da endometriose. Não há dúvidas de que esta doença abala a vida conjugal. Mas, ela também prova o amor do casal. E quando há amor, existe a compreensão.

É claro que precisamos fazer nossa parte. E incluir o parceiro no tratamento pode unir ainda mais o casal e fortificar o amor dos dois.

Quando ele passa a compreender o que é a endometriose e como ela nos causa dores e infertilidade, fica mais fácil querer lutar conosco para nos ver livres da doença, ou pelo menos, sob controle.

Por outro lado, quando recebemos este apoio da pessoa que amamos, desejamos ser cada vez mais fortes, para recompensar todo o amor e carinho que estamos recebendo.

Lógico que nem sempre haverá flores nesta jornada. Muitas pedras e pedregulhos virão, porém, um casal que se conhece bem e têm boa cumplicidade consegue superar os obstáculos e sair vitoriosos.

Obviamente este texto é voltado para as mulheres que já têm um companheiro, porém nada impede que todas as demais também possam ter uma pessoa (seja da família ou uma amiga) para sempre apoiar e ajudar durante todos os procedimentos do diagnóstico e tratamento da endometriose.

O importante é nunca estar sozinha nesta batalha, pois a endometriose por si só é uma doença que nos afasta do convívio social e nos traz a estranha sensação de solidão, mesmo quando estamos rodeadas de pessoas que nos amam. E a solidão é um péssimo remédio!

Assim, chame seu "Super EndoMarido" (namorado, namorido, companheiro, parceiro) e passe a dividir com ele tudo o que sente em relação à doença. Vocês vão ver como se tornarão muito mais unidos!



Luciana T. Golegã Diamante

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ENDOMETRIOSE OU "ENDOCHATA"?

Olá, meninas!


Este vídeo é dedicado à todas as portadoras que lutam dia a dia contra a endometriose!
Para as que estão tristes, deprimidas, desanimadas...
Sabemos que nossa luta é árdua!  Mesmo assim não desistimos!
E é isto que nos faz ser "lindas mulheres"!

Também é um vídeo informativo só que de um jeito mais leve e simples! Divulguem!!!!


Divirtam-se!!