terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM DISPAREUNIA (DOR NA RELAÇÃO SEXUAL)?



Você sabe o que é Dispareunia? Sabia que é um dos sintomas da Endometriose? Será que você tem este sintoma?

O texto abaixo, do médico carioca Dr. Ricardo Szilard Galgoul, é bastante interessante e bem claro para explicar um pouco sobre este sintoma muito cruel que pode ser causado pela Endometriose, ou seja, a dor na relação sexual. Por este motivo, resolvemos publicá-lo em nosso blog, pois sabemos que muitas vezes este é um assunto que a maioria das portadoras sentem vergonha de comentar com seus parceiros e até mesmo com os médicos. Sem falar que é um sintoma chato, doloroso e que pode colocar em risco a vida conjugal. 

Então, meninas, leiam com atenção e informem-se. E lembre-se: se você apresenta dor na relação, fale abertamente com o seu parceiro e procure a ajuda do seu ginecologista o mais depressa possível!


"CINCO PERGUNTAS SOBRE DISPAREUNIA"

1) O que é?

Cientificamente definido como: “Dor que aparece nos órgãos genitais durante ou logo após as relações sexuais”, a dispareunia pode ocorrer tanto em homens como em mulheres, sendo porém, muito mais comum nas mulheres (cerca de 5% da população feminina sexualmente ativa no Brasil, sente ou já sentiu dor durante a relação sexual). Trata-se de uma dor persistente ou recorrente (e não apenas de uma manifestação ocasional) que pode ser classificada, conforme a sua localização, em: superficial (quando a dor aparece na entrada da vagina, na abertura da uretra ou no clitóris) ou de profundidade (quando se trata de uma dor pélvica).

2) Quais são as causas?

Dentre as causas físicas da dispareunia, podemos destacar: infecções da vulva e da vagina (candidíase, tricomoníase, herpes genital); tumores genitais ou pélvicos; atrofia ou lubrificação insuficiente da mucosa vaginal (por deficiência dos hormônios estrogênicos); reações alérgicas na entrada ou nas mucosas da vagina (alergia a produtos espermicidas, ao látex de preservativos ou a lubrificantes vaginais inadequados); processos inflamatórios ou infecciosos na região pélvica (endometriose, doença inflamatória pélvica, síndrome do cólon irritável, aderências pós-cirurgicas na pélvis, congestão pélvica crônica, etc.); cistos ou infecções dos ovários; infecções urinárias; uretrites; cistites; doenças sexualmente transmissíveis; problemas na pele e nas mucosas da genitália (pós-cirúrgicos, pós-radioterapia e pós-parto); e as causas físicas mais difíceis, tais como: estreitamento de vagina; vagina curta demais em relação ao tamanho do pênis do parceiro; corpos estranhos na vagina e traumas na genitália.
A causa física mais comum da dispareunia, é justamente a dor que aparece nas primeiras relações sexuais pela natural ausência de adequação física do casal, e que, em 95% dos casos, desaparece após os primeiros coitos, originando parcial ou plena sensação de prazer ao casal. Os 5% restantes (casos de “hímen complacente” e outras doenças), são tratados pelo médico.

3) Como se caracteriza?

A característica essencial da dispareunia contudo, é a dor genital associada com o intercurso sexual, que pode variar em intensidade, desde um leve desconforto, até uma dor aguda, provocando muitas vezes, sofrimento e dificuldades de relacionamento do casal. As várias causas da dispareunia, levaram a Medicina a agrupá-las em duas grandes categorias: dores devidas às causas físicas ou devidas às causas psicológicas conforme a origem da dor.
Dentre as causas psicológicas (as mais frequentes na dispareunia), devemos destacar: abuso sexual; incesto; tensão e medo do ato sexual (principalmente devidos a uma educação excessivamente repressora e sem diálogo nas questões sexuais, experiências sexuais anteriores sem qualquer prazer ou mesmo traumatizantes e, principalmente, devidos à completa falta de conhecimento e diálogo acerca da sexualidade, por parte do casal); ansiedade e depressão (estes quadros em si, tendem a diminuir sensivelmente o libido (desejo sexual) da pessoa humana e geram situações frustrantes e por vezes, dolorosas, nas tentativas de repetição); estresse do cotidiano (também diminui o libido, dificulta o coito, tira todo o prazer da relação sexual e, quase sempre, gera incômodo e dor, nas frustrantes tentativas de fazer o sexo); dificuldades no relacionamento conjugal (a lubrificação da vagina ocorre na excitação da mulher; se antes ou durante a relação sexual houver motivos dela se sentir nervosa, tensa ou ansiosa, é claro que esta lubrificação não vai acontecer e em consequência, vai sentir dor no coito); medo de se engravidar ou situações de aversão ao parceiro (coitos, se tentados, serão dolorosos, pelos mesmos motivos já expostos); vaginismo devido a traumas psicológicos ligados ao sexo (vaginismo = espasmos involuntários da musculatura vaginal que interferem na penetração).

4) Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da dispareunia, devido a sua variedade, é baseado na análise dos sintomas. A metodologia mais eficiente para se alcançar o diagnóstico certo, é o procedimento do ginecologista que se baseia em três fontes de informações extremamente importantes para as suas conclusões:

(1) As respostas da paciente para as seguintes perguntas: Onde é a dor? Como e quando ela apareceu? Se houve ou não coitos sem dor?
(2) Exame físico da paciente;
(3) Exames laboratoriais (das secreções vaginais) e radiológicos (ultrassom e ecografia pélvica). A análise dos sintomas de causa psicológica, é feita por um sexólogo ou por psicoterapeuta.

5) Como se dá o tratamento?

O tratamento da dispareunia também vai variar muito conforme causas e sintomas da dor.
Para a dor de causa física: utilizar um lubrificante vaginal e/ou estimular um pouco mais o clitóris antes da relação, pode resolver bem o problema da secura vaginal; antifúngicos e/ou antibióticos para as infecções; hormonioterapia (principalmente estrogênios) na atrofia vaginal; anti-inflamatórios e/ou banhos de assento com água morna nas inflamações dolorosas; medicamentos específicos ou procedimentos cirúrgicos para o casos mais graves de endometriose e de tumores uterinos (principalmente em miomas) e nos casos do câncer genital.
Para a dor de causa psicológica (cujo tratamento é, normalmente, bem mais demorado que as dispareunias de causa física): é fundamental o estabelecimento de uma psicoterapia do tipo cognitivo-comportamental, realizada em sessões regulares e contínuas, conduzidas por um mesmo terapeuta ou profissional de sua equipe, ora com a própria paciente sozinha, ora com o casal, sendo esta última postura de tratamento, bem mais eficiente no controle e na eliminação da dor, devido a rápida interação dos parceiros entre si e com o seu psicoterapeuta, na combinação e aplicação de ações práticas que revigoram a confiança mútua e, em consequência, a sexualidade sadia, prazeirosa e sem qualquer incômodo ou dor.
Normalmente, o tempo de tratamento da dispareunia provocada por causa física é quase que imediata após o início dos medicamentos e/ou procedimentos médicos ou logo depois do tempo de recuperação da cirurgia indicada no caso. O tempo médio de tratamento da dor gerada por causa psicológica é de 2 a 6 meses, sendo que o tratamento conjunto do casal, obviamente, reduz substancialmente o tempo da terapia proposta.

(Artigo retirado da entrevista concedida pelo Dr. Ricardo Szilard Galgoul, Clínico Geral e Especialista em Sexualidade Humana, em 2009)

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