quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

AÇÕES DO GAPENDI NO MÊS MUNDIAL DA LUTA PELA CONSCIENTIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA ENDOMETRIOSE

Olá

Como muitas já sabem Março é mês da Conscientização e Divulgação da ENDOMETRIOSE. Doença que acomete cerca de 6 milhões de brasileiras e que afeta significativamente a qualidade de vida das portadoras, já que acarreta dores pélvicas fortes dentro ou fora do período menstrual, alterações ou desconfortos evacuatórios e/ou miccionais, dispareunia ( dor na relação sexual) e dificuldades para engravidar. 




Em 2013 conseguimos pintar o Facebook de amarelo, cor que simboliza a Endometriose, além de termos feito um grande encontro com a palestras de médicos conceituados especialistas no assunto, o que acabou sendo um verdadeiro sucesso!! Para 2014, estamos preparando uma super programação e grandes ações em prol da maior divulgação e conscientização da doença no nosso país.

Tendo como porta principal a internet, já que sabemos que está acaba sendo o maior meio de comunicação atualmente, vamos tá desenvolvendo novas ações, além das que já fazemos atualmente na nossa fan page EndometrioseOnline, buscando explicar o que é a endometriose, de forma simples e clara, além de tá lançando uma campanha virtual onde poderemos mudar as "capas" dos nossos perfis por uma desenvolvida exclusivamente para a ocasião.

O nosso diferencial deste ano é que vamos tá promovendo AbracEndo em alguns estados. Para quem não conhece o objetivo desse projeto é levar para as ruas um pouco do que fazemos na internet através do nosso blog, grupos nos facebook, fan page. A ideia do AbracEndo é fazer encontros nas cidades, nos pontos de grande circulação, para trabalhar com a divulgação e conscientização da doença, através da distribuição de folders que serão entregues à população!! Vamos tá divulgando os locais e as datas em breve!!

E vamos tá fechando o mês com um super encontro na cidade de São Paulo, no dia 29 de março. Esse encontro será um pouco diferente dos encontros entre as portadoras que estamos acostumadas. Será um evento aberto para todo o público: portadora, familiar, amigos, simpatizantes da nossa causa, onde contaremos com a presença e palestras de alguns médicos conceituados no assunto, que irão engrandecer bastante o nosso evento com informações corretas acerca da Endometriose. Nos próximos dias vamos ta disponibilizando o local e os profissionais convidados!!! Mas de antemão, já sabemos que se em 2013 foi um sucesso, com vagas esgotadas e muita procura, esse ano será 100% melhor!! Estamos trabalhando arduamente para isso!!!Então, reserve esta data em sua agenda!!!
Fiquem atentas pois, em breve, vamos tá passando mais novidades sobre as nossas ações no mês da Conscientização e Divulgação da Doença!! O GAPENDI está sempre se esforçando e buscando levar, ao máximo, a Endometriose para todo o Brasil, seja através de reportagens, entrevistas, encontros, palestras, ações ou pelos nossos grupos no Facebook!!!

EQUIPE GAPENDI
Luciana Diamante
Marília Rodrigues

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ENDOMETRIOSE E GAPENDI COMO PAUTA DA REVISTA NOSSA METRÓPOLE


Olá!!!


A Endometriose e o GAPENDI foram pauta da Revista "Nossa Metrópole" que circula na região de Camaçari/ Ba e região!!
Antes da série do Fantástico ir ao ar, a Jornalista Monique Garrido entrou em contato com a Marília Gabriela, uma das nossas coordenadora, querendo conhecer um pouco mais sobre a Endometriose, sua história e sobre o grupo GAPENDI. 

Foi uma surpresa muito legal pois é sinal de que o nosso trabalho está tendo efeitos positivos de fato e lógico que aceitamos! O fato da revista circular fora da capital é sensacional pois sabemos que muitas meninas nos interiores do Brasil sofrem com dores fortes e incapacitantes e desconhecem a causa. Precisamos também focar nesses locais!

Além da Marília, o Dr. Edvaldo Cavalcante, Mestre e Doutor em Ginecologia especialista em Endometriose também participou, explicando um pouco sobre o que é essa doença que atormenta mais de 6 milhões de brasileiras e que prejudica tanto a qualidade de vida e o sonho da maternidade de algumas mulheres!!!



Assim que estivermos em mãos, vamos disponibilizar a matéria em pdf aqui no blog! Mas quem quiser e tiver interesse, pode tá acessando a matéria na integra no site da revista Clique aqui. A reportagem está nas páginas 8, 9 e 10!!
Desde já agradecemos ao convite da Revista " Nossa Metrópole" e todo o carinho e sensibilidade da Monique por ter escolhido abordar este tema!!

Vale a pena conferir!!


Equipe GAPENDI
Marília Rodrigues
Luciana Diamante

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A HISTÓRIA DA NOSSA AMIGA NORENICE!!!

Olá!!!!

O post de hoje conta um pouco da história da nossa amiga Norenice, mais conhecida como Nora. Recentemente ela passou pela sua segunda cirurgia em menos de 1 ano e nos enviou um pouco de todo o processo cirúrgico e da recuperação!!
O alerta do post da Nora é sobre a necessidade da presença da equipe multiprofissional na cirurgia de endometriose profunda! Isso evita que a portadora saia do centro cirúrgico com focos em órgãos como intestino e bexiga, por exemplo.  E também da importância de realizar exames específicos como a ultrassonografia endovaginal com preparo intestinal.  


"Meu nome é Norenice, tenho 29 anos, sou casada e ainda não tenho filhos. Menstruei aos 12 anos e sempre tive cólicas no período menstrual, mas, até então, ditas como normais pelos médicos. A certa idade, descobri ter SOP (Síndrome do Ovário Policístico). Evitei a gravidez com uso de anticoncepcional contínuo até 2010 quando descobri ser portadora de HNF (Hiperplasia Nodular Focal), uma doença do fígado causada na maioria das vezes, por uso continuado de contraceptivos orais (além de outros fatores), que faz com que surjam nódulos hepáticos no fígado. 
Após biópsia e, como não há tratamento para esta doença, a orientação que tive do gastroenterologista foi de suspender o anticoncepcional que haveria a diminuição gradativa dos nódulos. O que vem ocorrendo desde então, já que faço exames anuais de controle. Por causa da SOP, passei a fazer uso de Metformina 500mg.Como estava cursando faculdade na época, optei por não engravidar e a prevenção ficou sendo feita apenas com uso de preservativo. Sempre fiz acompanhamento com ginecologista e exames semestrais para ver se estava tudo bem e, em nenhum deles aparecia nada relativo à endometriose.

Em 2012 após terminar a faculdade, eu e marido decidimos engravidar. Após 4 meses de tentativas sem sucesso, comecei a ter sangramentos e as cólicas se tornaram cada vez mais insuportáveis, sem contar o inchaço da barriga, a dor e o sangramento durante as relações.
Foi aí que em Novembro/2012, após fazer uma ressonância pélvica com preparo intestinal, tive o diagnóstico de Endometriose Profunda onde havia um endometrioma de cerca de 8 cm no ovário esquerdo. Como o endometrioma estava com risco de rompimento, fui imediatamente encaminhada por minha ginecologista a um cirurgião com conhecimento na área para realização da videolaparoscopia.
Passei pelo cirurgião e por outro médico cirurgião geral para avaliação do comprometimento intestinal. Este último olhou meus exames e não identificou comprometimento intestinal. Disse que se necessário, a questão intestinal seria vista futuramente e que eu não precisava me preocupar.


Em 20/12/2012 fiz minha 1ª videolaparoscopia com a participação apenas do cirurgião (ginecologista especialista em endometriose) e de uma obstetra. Foram retirados em endometrioma no ovário esquerdo (o que acarretou diminuição do órgão), além de focos no apêndice, peritônio, útero e septo vaginal.
A cirurgia foi grande e a recuperação muito difícil, pois, sofri muito com gases, tive muita dificuldade para defecar (chegava chorar de dor) e tive muita dificuldade de locomoção.A recuperação foi lenta, dolorosa e ainda fiquei anêmica por vários dias. No mês seguinte a cirurgia, minha menstruação desceu, senti dores amenas e tomei a 1ª dose do Zoladex 10,8 (fornecido pelo SUS). Foram 2 doses (trimestrais) e aguardava o retorno da menstruação para reiniciar as tentativas de engravidar.

Em Agosto/2013 com o retorno da menstruação voltei ao médico que me operou e, na época este não achou necessário refazer os exames de imagem. Apenas recomendou que eu fizesse um exame chamado Histerossalpingografia que, segundo laudo médico não encontrou qualquer sinal de obstrução em minhas trompas. Então retomamos as tentativas de engravidar. Durante dois ciclos não engravidei e notei que as dores estavam voltando, junto aos demais sintomas e desta vez com um agravante: notei que minhas fezes estavam saindo em “fitas” e em menor quantidade.
Como não havia feito nenhum exame de imagem mais detalhado após a cirurgia e o uso da medicação, retornei a minha ginecologista que pediu que eu fizesse uma nova ressonância da pelve com preparo intestinal. Fiz o exame e foi constado que a endometriose estava lá. Desta fez com comprometimento intestinal (2  lesões), uretra, algumas aderências nos ovários, trompas e apêndice, e um possível comprometimento de bexiga. Em Setembro/2013 retornei na minha ginecologista e ela confirmou o diagnóstico. Fiquei desesperada! Meu mundo desabou!

Conversamos muito e chegamos à conclusão que no meu caso, seria melhor procurar um profissional fora do Estado. Já que minha situação estava bastante agravada pelo comprometimento intestinal e, no ES não haveria outras opções de profissionais, além dos quais eu já havia passado.

Só conseguia chorar, fiquei muito abalada e depressiva. Tanto que minha médica acabou me afastando do trabalho por eu não ter condições emocionais e psicológicas. Precisa absorver a situação e me preparar pelo que estaria por vir. Além da dor, agora eu precisaria desembolsar uma quantia maior para arcar com um tratamento mais eficaz. Quantia esta que eu não dispunha.


Em Outubro/2013 fui para São Paulo consultar com um profissional gabaritado na área com equipe multidisciplinar que estaria apta a me atender (mas que infelizmente só atende no particular). Fui encaminhada por este médico a ir a uma clínica especializada e fazer uma Ultrassonografia Transvaginal com Doppler e Preparo Intestinal. Exame este que, diferente de uma ultrassonografia comum, identifica com precisão onde as lesões de endometriose estão alojadas e serve como um “mapa” na hora da cirurgia. Com o exame em mãos, retornei ao médico e a proposta de tratamento foi uma só: nova cirurgia, desta vez com equipe multidisciplinar.  A lesão no intestino era muito complicada, o que me gerou certa preocupação. Mas fui tranquilizada pela segurança passada pelo médico. Saí de lá com todas as dúvidas esclarecidas e o pedido dos exames pré-operatórios em mãos, que incluía exames de sangue, avaliação cardiológica e colonoscopia.
Retornando a minha cidade, passei novamente pelo cirurgião geral do aparelho digestivo (aquele que havia me avaliado para a primeira cirurgia e não julgou necessária sua participação). Precisava de certa forma, entender porque ele não participou do meu procedimento, já que, todos os outros médicos foram categóricos em afirmar que uma lesão intestinal na proporção que eu tinha, não evoluiu em 6 meses mesmo com tratamento de análogos. Ela já estava lá desde o início.
Nem preciso dizer que ele ficou totalmente constrangido com a situação. Tentou desconversar, encontrar uma justificativa para o ocorrido, mas, não colou. A certa altura ele mesmo disse que, com um endometrioma do tamanho que eu tinha na primeira cirurgia, era óbvio que havia uma lesão intestinal. Disse ainda que realizaria o procedimento, que eu não precisaria me preocupar com o custo a parte, mas, que ele não faria a retirada das lesões de uma única vez (que eu seria submetida a mais 2 ou 3 procedimentos). Bom, eu tomei esta atitude no sentido de tentar conscientizar este médico de que sua negligência (pois foi isto que me pareceu) me gerou sérias consequências.
Após este episódio, e com o orçamento do médico de São Paulo em mãos, comecei a mobilizar esforços para levantar a quantia necessária para custear o honorário médico da equipe. Graças a Deus, consegui (apesar de muita dificuldade). A parte hospitalar e de material foram autorizados pelo convênio cerca de 17 dias (úteis) depois, já que pela ANS, as seguradoras e operadoras do ramo de saúde tem até 21 dias para fazê-lo. Neste período, fiz todos os exames e em, 06/12/2013 retornei a São Paulo para consulta pré-operatória. A esta altura, o procedimento já estava agendado para o dia 09/12/2013 às 13h.


Na consulta pré-cirúrgica, o médico avaliou todos os exames pré-operatórios. Foi-me apresentado ainda, um termo onde eu declarava ciência dos riscos envolvidos na cirurgia, como por exemplo, uma possível fístula intestinal.
No termo não constava nada demais. Já que todo tipo de cirurgia envolve riscos.
Para tanto, considero importante estar muito segura no que será feito e na equipe envolvida no procedimento. Questionei com relação ao uso da Bolsa de Colostomia, mas o médico me explicou que esta só seria necessária caso ocorresse o rompimento do intestino (fistula intestinal), e que para evitá-la, eu seria mantida em dieta líquida por alguns dias.

Devido ao tamanho da lesão intestinal, optamos, num primeiro momento que a equipe médica adotaria uma conduta conservadora, no entanto, caso meu médico achasse que o resultado não seria satisfatório, que fizesse a retirada de parte do órgão.
Conversamos franca e abertamente todos os detalhes do procedimento e do preparo intestinal para a cirurgia. Saí de lá com a carta de internação e com o atestado médico de 30 dias
Bom, para fazer a cirurgia, tive que fazer um preparo na véspera. O composto é basicamente de dieta líquida e uso de laxantes. Durante o restante do dia (após tomar uma sopa rala de legumes na hora do almoço), bebi apenas água e Gatorade. E a noite, comi um pouco de gelatina. Para mim, a pior parte foi o uso do laxante. É isso mesmo! ). Nossa! Extremamente enjoativo! Mas funciona e, segundo o médico, me ajudaria no pós-operatório.
A partir das 5h do dia da cirurgia, o jejum passou a ser total. Cheguei ao hospital por volta das 8h, fiz minha ficha e cerca de 1 hora depois fui levada enfermaria para ser preparada antes de seguir ao centro cirúrgico. Lá, uma equipe de enfermagem colheu meu sangue para reserva junto ao banco de sangue do hospital, caso fosse necessária a utilização.
Troquei de roupa, fiz minha oração e, em seguida chegaram para me buscar e me levar ao centro cirúrgico. Me despedi do meu marido e fui. Estava tranquila, graças a Deus. Fiquei na enfermaria do centro cirúrgico por alguns minutos, até que o anestesista chegou, fez inúmeras perguntas e olhou meus exames. Meu médico também veio, perguntou como eu estava me sentindo, conversamos um pouco e logo depois, segui para o centro cirúrgico.
A sala na qual o procedimento seria feito estava cheia de pessoas entre médicos e enfermeiros da equipe. Só me recordo de olhar para o relógio na parede (eram exatamente 12:55h), o médico me ajeitar, pedir a enfermeira que me vestisse a meia anti-trombo e perguntar se eu estava bem... Depois disso, o anestesista me cumprimentou novamente, e... puf!! Apaguei!!!
Meu médico foi quem me acordou, disse que o procedimento havia terminado, que estava tudo bem e que eu seria levada para a sala de repouso e de lá para o quarto. Como eu já havia feito o repouso do procedimento no próprio centro cirúrgico junto à equipe médica, não fiquei muito tempo no repouso, e logo depois fui para o quarto. Cheguei ao quarto e meu marido chegou em seguida.

Locais dos cortes cirúrgicos 
Foram cerca de 6 a 7 horas de cirurgia, 4 punções, um corte do lado lateral esquerdo e eu estava de sonda e dreno. Me sentia meio dopada e minha garganta ardia um pouco por conta da entubação, mas estava bem.
Como meu convênio é enfermaria e não consegui um upgrade para quarto privativo, meu marido teve que ir embora. Foi o pior... Fiquei triste.
Não dormi quase nada a noite por conta do calor e eu estava com muita fome, já que ainda estava em jejum. Não senti nenhuma dor, logo cedo tiraram a sonda e fiquei apenas com o dreno na barriga.

Logo depois que retiraram a sonda, senti muita vontade de fazer xixi, e, mesmo com ajuda das enfermeiras, fiquei muito tonta e acabei vomitando. Depois me senti até bem, apesar de estar muito fraca e ter um pequeno sangramento (indolor e normal) com a retirada da sonda.
Meu médico veio me ver no final da manhã, me deu detalhes do procedimento, disse que teve de retirar cerca de 20 cm do intestino além de alguns outros focos e aderências, e mostrou algumas fotos da cirurgia. Liberou água e uma sopinha rala a noite.

Pedaço do intestino lesionado de aproximadamente 20cm retirado na cirurgia
Já no 2º dia internada, conseguia me levantar sozinha e defecar sem problema algum (junto às fezes vinham restos da cirurgia, o que é normal). Só fui melhorando e a vontade de ir embora começou a apertar.
Durante os dias que fiquei no hospital, correu tudo bem (exceto pelo fato de não ter acompanhante no quarto - o que me deixou muito triste e chorosa). Não senti dores nem sofri com gases como na primeira cirurgia. Meu médico vinha me ver todos os dias, segui em dieta líquida, tive orientação de nutricionista sobre minha dieta pós-operatória e todos os dias fazia fisioterapia com caminhadas leves. Recebi alta no dia 12/12/2013 (5ª feira).
Estava tão feliz! Feliz pela benção alcançada, graças ao meu Deus que, me deu forças e condições de chegar até ali e que agiu por meio da equipe médica para que o procedimento e o pós-operatório inicial fosse um sucesso.
Recebi muito carinho de familiares e amigos! O que me deu força e tranquilidade para passar por tudo. Se eu tinha alguma dúvida de que Deus envia pessoas especiais que são como “anjos” que cuidam de nós... Não tenho mais! Sou uma pessoa abençoada!
Até o dia da revisão eu continuava com o dreno e em dieta líquida e restritiva. Esta dieta é mais sofrível no início, mas, depois a gente acostuma.
Antes de receber alta, a nutricionista havia deixado a prescrição da dieta com os alimentos que poderiam ser consumidos e os respectivos horários.
Como eu estava perdendo muito peso já no hospital, meu médico prescreveu uma suplementação composta de Sustagem para que eu não ficasse desnutrida.
Importante dizer que nesta dieta não se passa fome. Ela é cronometrada com horários fixos no qual devemos nos alimentar. Tomei muita sopa (sem pedaço), suco, mingau, vitaminas e comia gelatina.
No dia da revisão eu me sentia muito bem! Acho que a vontade de voltar para casa me deu forças para que eu me recuperasse mais rápido (rs).
Vimos algumas partes da gravação da cirurgia. O médico me explicou que a lesão no intestino era bem grande com sinal de infiltração, então a condição para se ter um bom resultado na eliminação do foco foi a retirada de parte do órgão e a união das duas alças através do grampeamento. No entanto, apesar da extensão das lesões, tudo foi devidamente “limpo”.
O laudo da biópsia do material retirado no procedimento não estava pronto, mas, já se sabia do resultado: endometriose profunda com comprometimento intestinal além de outros focos espalhados na cavidade pélvica.
Foram retirados os pontos mais aparentes e o restante meu médico disse que seria absorvido e eliminado pelo organismo.
O dreno foi retirado (graças a Deus!) e sem dor. Foi colocado um “ponto falso”, uma espécie de curativo para que o local não ficasse aberto. Detalhe: a permanência com o dreno não causa dor. Ele apenas me incomodou muito já que me impedia de dormir de lado por medo de deitar em cima dele, me limitava em fazer algumas coisas sozinhas e me causava constrangimento, pois as pessoas que me viam ficavam olhando, curiosas.

Dreno após 4 dias de operada
Por recomendação do médico, o curativo no lugar do dreno deveria ser mantido por 10 dias, eu deveria seguir a dieta líquida por mais 5 dias e depois deste período, iniciar uma dieta laxativa – que recebi enquanto ainda estava internada.
Atividades físicas e relação sexual poderiam ser retomadas com 30 dias apenas. Já que o repouso deveria ser mantido. E que após 30 dias de “resguardo”, eu poderia retomar as tentativas para engravidar, já que as chances de gravidez logo após a cirurgia melhoram muito.Enfim recebi alta médica e, no dia seguinte embarquei de volta a minha casa em Vitória/ES. Eu e meu marido retornamos a São Paulo para revisão após 30 dias de cirurgia.
O médico conversou conosco sobre o laudo anatomopatológico da cirurgia que confirmou a endometriose profunda. Prescreveu alguns exames de sangue (de rotina), um exame chamado Retossigmoidoscopia para controle e fez minha pesagem.
Emagreci cerca de 6kg em um mês. O que foi ótimo já que ainda tenho mais alguns para eliminar (rs). Informei a ele que eu havia menstruado há poucos dias e, ali mesmo ele fez uma ultrassonografia para ver se eu estaria ovulando. E ainda bem, eu estou ovulando normalmente. Fomos liberados a retomar as tentativas de gravidez (e se Deus quiser seremos abençoados!).
Hoje, os locais das punções já cicatrizaram totalmente e me sinto muito bem.Tive a primeira menstruação após a cirurgia (antes mesmo de completar 30 dias de operada) sem dor e com fluxo regular. Permaneço na dieta laxativa para um melhor funcionamento do intestino e estou evitando alimentos que contenham lactose, glúten e soja. A relação sexual após os 30 dias de “resguardo” foi tranquila, sem quaisquer intercorrências.
Sei que muitas que estão lendo o meu relato se sentem perdidas, assim como eu me senti (e por vezes ainda sinto...). Consegui tratamento adequado e um profissional que realmente saiba o que está fazendo, é muito (mas muito) difícil e, nos tornamos mais esperançosas quando encontramos o suporte necessário. Foi assim comigo e espero que seja assim com tantas outras mulheres que estão em busca do alívio do dor (física e emocional).
A endometriose não é só uma doença física. Ela se mostra real em nossas vidas e no nosso dia-a-dia. Nos tira muita coisa: vida social, trabalho, vida amorosa, nos traz medos e frustrações, além de todo gasto com o tratamento... Mas a endometriose também me trouxe coisas muito boas!Aprendi a valorizar ainda mais o companheiro que Deus me deu. É difícil para nós, minhas amigas... Mas também não é fácil para nossos maridos e namorados.
Sempre fui uma pessoa religiosa, mas, a doença fortaleceu (e fortalece) minha fé todos os dias. Independente de religião ou credo, eu acredito que há um Deus que me guia e que sem Ele nada é possível.


Descobri amigos de verdade e conheci outros, que me entendem e acima de tudo, não me julgam. Conheci o GAPENDI e pessoas maravilhosas como a Marília Gabriela e a Luciana Diamante que, mesmo sendo portadoras como nós, doam seu tempo e esforço para nos ajudar. E em reconhecimento a este trabalho, o mínimo que posso fazer é ajudar o grupo dividindo minha experiência com este relato e continuar promovendo encontros e atividades de conscientização sobre a endometriose na minha cidade.

Li um livro sobre o tempo, e nele é dito que com Deus não se negocia prazos (que Ele tem seu próprio tempo). E, de certa forma, nos protege quando adia nossos sonhos. Que nos diz sim mesmo quando nos nega o que pedimos. Digo isto, pois, como a maioria das portadoras de endometriose, sou uma tentante em busca do meu milagre.Temos que ter fé. Mas acima de tudo fazer nossa parte e não apenas ficar esperando que as coisas aconteçam.
Há momentos em que a dor sufoca, destrói nossas forças e, a vontade que se tem é de abandonar tudo! Eu sei... E por isso rezo todos os dias para que nosso sofrimento tenha fim.
Hoje me descobri mais forte do que eu imaginava ser! Sou sim uma guerreira! Na verdade, sou mais que isso, sou uma ENDOguerreira.
Após tanta luta até aqui, e na certeza da vitória, agradeço a Deus, pois sem Ele nada é possível. Agradeço a meus familiares e amigos que estiveram comigo durante todo este percurso. E em especial ao meu marido e minha mãe... Sem palavras para dizer o quanto são importantes na minha vida! Agradeço ao GAPENDI por todo suporte informativo que tenho. Além de todo carinho e dedicação dados a mim pelas administradoras do grupo, em especial a Marília Gabriela. 
A palavra hoje é... ESPERANÇA.
Que o tempo de Deus aconteça na vida de cada um de nós!
Que o sofrimento cesse e a felicidade seja plena em nossas vidas!"



Nós agradecemos a Nora por ter dividido conosco a sua história!!! Caso queira ver sua história aqui no blog, envie para gapendi@hotmail.com ( com o titulo: História para o blog), que publicaremos com muito carinho!!!


Equipe GAPENDI
Marília Rodrigues
Luciana Diamante


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

ENDOMETRIOSE NA ADOLESCÊNCIA: ISTO É POSSÍVEL?


Este é um tema que pode assustar muitas meninas adolescentes e também suas mães! Mas, é preciso alertar para esta possibilidade, pois a endometriose é uma doença que pode surgir desde a primeira menstruação, ou seja, na adolescência.

Infelizmente, a falta de conhecimento faz com que muitas adolescentes sofram com cólicas terríveis que as impedem até de ir para a escola ou sair com os amigos e ter uma vida social "normal" para a idade. E isto acontece porque muitos médicos e até mesmo os familiares (mãe, avó, tia) acreditam que as cólicas fortes que uma menina jovem sente, são normais e vão passar quando ela se casar, ou quando tiver filhos. Um grande equívoco!

Recentemente, a Dra. Luciana Chamié, médica radiologista especialista no diagnóstico por imagem da endometriose e parceira do nosso grupo, escreveu em seu blog sobre este assunto, trazendo um texto atual que foi publicado em uma revista importante sobre Ginecologia e que mostrava dados relevantes a respeito do aumento dos casos diagnosticados de endometriose em adolescentes.

Este texto foi gentilmente cedido por Dra. Luciana que nos deu a permissão transcrevê-lo aqui, para que os nossos leitores também possam ter esta importante informação e ficar atentos!

Leia e se informe e se você é mãe ou parente, ou ainda, se conhece uma adolescente que deixa de fazer suas atividades normais por causa das fortes cólicas que sente, então procure orientá-la para que possa buscar a ajuda de um médico ginecologista especialista em endometriose que possa examiná-la adequadamente! 

Nunca, jamais ignore as queixas de cólicas fortes em uma adolescente!

Segue o texto publicado no blog da Dra. Luciana Chamié:



Um tema de grande importância tem me chamado atenção diariamente na prática, tanto na ultrassonografia como na ressonância magnética que é a identificação de focos de endometriose em adolescentes, cada vez mais jovens e as vezes já na forma mais severa da doença. Selecionei um artigo bem recente e muito interessante que avalia, através de uma revisão sistemática de 15 artigos, a prevalência de endometriose entre as adolescentes, suas características clínicas, achados de laparoscopia e resposta aos tratamentos realizados. O artigo é de maio de 2013, publicado naHuman Reproduction Update (revista de grande conceito entre os ginecologistas e reconhecida mundialmente) por E.B. Janssen et al. 
Fiz um resumo dos aspectos mais relevantes para vocês. Espero que gostem!!




ENDOMETRIOSE NA ADOLESCÊNCIA

A endometriose é uma doença ginecológica muito comum entre as mulheres na idade reprodutiva e apesar de ser muito mais observada na mulher adulta, também pode comprometer as adolescentes. Estima-se que 2/3 das adolescentes que apresentam dor pélvica crônica e dismenorreia (dor na menstruação) apresentam endometriose à laparoscopia e que 1/3 destas apresentam doença nas formas moderada e severa.

A causa da endometriose ainda é desconhecida, provavelmente multifatorial. Acredita-se hoje que exista uma tendência familiar para sua ocorrência, entretanto não se sabe explicar exatamente porque. Especula-se que possam haver fatores genéticos ou ambientais envolvidos. Esta incidência familiar tem sido observada entre irmãs, gêmeas e mãe/filha.

Os fatores de risco apontados para o surgimento precoce da doença em meninas e moças são:
- menarca precoce (1ª menstruação)
- obesidade (elevado índice de massa corpórea)- pelo alto índice de hormônios esteróides circulantes

Nas jovens com síndrome dos ovários policísticos (anovulação + resistência à ação da insulina + síndrome metabólica + hiperinsulinemia) a incidência da doença costuma ser menor nos achados de laparoscopia.

Os sintomas podem ser diferentes das mulheres adultas.
Na mulher adulta a dor costuma preceder a menstruação e piora durante o ciclo menstrual.
Na adolescente a dor pode ser cíclica (relacionada ao período da menstruação) ou acíclica, sem relação com o ciclo menstrual.

Os sintomas mais comuns são: DOR PÉLVICA CRÔNICA E DOR DURANTE A MENSTRUAÇÃO. Motivos frequentes para faltarem na escola e no trabalho.

Em um estudo de Laufer et al, 1997
- 9,4% das adolescentes tinham dor cíclica durante a menstruação
- 62,5% das adolescentes tinham dor cíclica e acíclica
- 28,1% das adolescentes tinham apenas dor acíclica

A dor costuma ser imprevisível e intermitente ou ainda ser contínua durante todo o ciclo menstrual. Pode ser descrita como persistente, em pontadas, latejante ou aguda e COSTUMA PIORAR COM O EXERCÍCIO FÍSICO.

Em relação ao estágio da doença observado na laparoscopia de acordo com a classificação da ASRM, observou-se:
- doença mínima: 50%
- doença leve: 27%
- doença moderada: 18%
- doença severa: 14%

É importante frisar que entre as meninas com doença severa foram identificados casos de comprometimento do retossigmóide, apêndice, vagina, região retrocervical e dos ureteres.

Devido ao número pequeno de estudos sobre a real incidência da endometriose entre adolescentes, ainda não se conhece as vantagens de se operar precocemente a doença e qual o impacto deste tratamento cirúrgico no futuro reprodutivo destas moças. Sabe-se porém, que quando indicada a laparoscopia nesta idade tenra, ela deve ser não apenas diagnóstica mas também para tratamento e remoção completa dos focos. Isto sempre com o intuito de se evitar MÚLTIPLAS INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS com inúmeros prejuízos de naturezas diversas para as pacientes. A redução da reserva ovariana é uma das principais consequências negativas das múltiplas cirúrgias, levando por vezes mulheres jovens a necessitarem de doação de óvulos para conseguirem realizar o sonho da maternidade.

É de fundamental importância que as adolescentes e seus pais sejam informados sobre os riscos dos tratamentos cirúrgicos e suas implicações no futuro reprodutivo e qualidade de vida das pacientes.

O acompanhamento destas moças é também crucial com a criação de um diário para documentação das características da dor, sua intensidade, piora ao longo do tempo, tratamentos realizados e seus resultados. Estes fatores serão de extrema importância ao longo de sua vida e para o momento em que optarem pela maternidade.

Na prática clínica, as adolescentes com endometriose costumam ser tratadas com anti-inflamatórios não hormonais e uso de pílulas anticoncepcionais. Não existem estudos a respeito dos resultados desta prática e se contribuem para diminuir a evolução da doença. A cirurgia de laparoscopia tem sido reservada aos casos de dor pélvica crônica de forte intensidade refratária a estes tratamentos.

Para finalizar transcrevo um pequeno trecho que um outro artigo publicado no Journal of Pediatric & Adolescent Gynecology por Jennifer E.O´Neil, PhD, 2011, que achei bem apropriado para reflexão:

"I see adolescent girls as a vunerable population that often lacks the experience and confidence to advocate for their own diagnosis and treatment. Too often the endometriosis symptoms of adolescent girls are not taken seriously by their doctors, not only leading to continued physical pain but also damaging their already fragile self-esteem. The onus is therefore on clinicians to be knowledgeable about the symptoms of and treatments for endometriosis to ensure that these girls are correctly diagnosed and receive treatments that control their pain."

Um abraço carinhoso
Luciana Chamié



Até a próxima!!

Equipe Gapendi
Luciana Diamante
Marília Gabriela

Dúvidas? Entre em contato conosco: 
gapendi@hotmail.com

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

RESPONDENDO: PERGUNTE AO DOUTOR ESPECIAL NUTRIÇÃO



Olá!!

Ano Novo com muitas novidades no blog do Gapendi e esta é só a primeira!
Estamos com uma super estréia! A partir de hoje, além dos nossos médicos parceiros que vocês já conhecem, estamos contando também com a participação da Juliana Couto, que é portadora, nutricionista e também se especializou em tratar as portadoras de Endometriose.
Para nós, essa parceria será muito válida, pois cada vez mais temos dúvidas acerca de alimentação e endometriose. Vire e mexe surge, em alguns dos nossos grupos, alguma dúvida sobre da rotina alimentar da portadora ou então surge na mídia reportagens sobre algum alimento que favorece ou agrava a doença.
Nada melhor do que a gente contar com uma nutricionista, que também é portadora e que conhece bem os nossos conflitos, dores e dificuldades enquanto mulher com endometriose, aliada ao conhecimento da sua graduação em relação aos alimentos e benefícios da nutrição para nós, portadoras. 
Hoje a Juliana estará respondendo um pouco sobre como a nutrição pode favorecer a portadora de endometriose, também vai explicar sobre quais os alimentos devemos evitar e quais são os nossos aliados. Vai abordar o uso da soja e do omega 3, que sempre vemos com frequência perguntas sobre essas duas alimentações nos grupos. E por fim, será que uma alimentação errada de fato contribui tanto para as dores e o aumento dos focos de endometriose?

Lembrando que nenhuma das perguntas aqui respondidas dispensa a consulta com o nutricionista e/ou médico especialista!! Lembre-se que cada caso é um caso e o tratamento com a equipe multiprofissional é indispensável.


1- Como o nutricionista pode ajudar a portadora de endometriose? Uma alimentação errada pode contribuir no aumento dos focos ou das dores?
  
Juliana Couto- O nutricionista, que conhece a fisiopatologia da endometriose, pode ajudar os portadores dessa patologia a minimizar e, até mesmo reduzir, a sintomatologia e as adesões causadas pela doença. Uma alimentação inadequada contribui e muito, com as dores e o avanço da endometriose.


2-  Quais alimentos devem ser evitados pelas portadoras de endometriose?

     Juliana Couto- De forma bem objetiva: lactose, glúten, soja, gorduras  saturadas e carboidratos simples.


3- É verdade que a soja faz mal para quem tem endometriose?
   
Juliana Couto- Sim. A soja possui um composto conhecido como fitoestrógeno que “alimenta” os focos da endometriose.


4- Ouço muitas portadoras falando que usa Omega 3 por conta da endometriose. Posso ta usando sem consultar meu médico ou orientação do nutricionista? Quais os benefícios de fato que tem? Posso encontrar o Omega em alimentos?
   
Juliana Couto-O ideal é que o uso do ômega 3 seja avaliado por um médico ou nutricionista, pois o mesmo é contra indicado para quem apresenta problemas de coagulação. O ômega 3 apresenta benefícios sobre processos inflamatórios, e devemos considerar a endometriose como uma doença extremamente inflamatória. Podemos encontrar o ômega 3 em peixes como a sardinha, atum e salmão mas, para portadores de processos inflamatórios, o ideal é a suplementação.


5- O que não pode faltar na alimentação de uma portadora?
    
Juliana Couto- Ômega 3, hidratação (água), se houver focos no intestino, o uso de simbióticos é imprescindível e fibras (solúveis e insolúveis).



Caso tenha alguma dúvida relacionada à alimentação e endometriose, nos envie por email para gapendi@hotmail.com, que a Juliana estará respondendo e postando na nossa sessão: "RespondEndo: Pergunte ao Doutor!"

Equipe Gapendi
Marília Gabriela
Luciana Diamante