Olá!!
Existe mulher com endometriose que não sente dor?!!!! Geralmente quando a gente pensa ou ouve falar sobre endometriose, automaticamente, pensa em cólica menstrual forte e intensa. Porém, existem mulheres que sofrem com a doença mas não sentem dor/ cólica menstrual forte e incapacitante. Essas mulheres são chamadas de assintomáticas. Muitas só descobrem a endometriose tardiamente quando tentam engravidar, não conseguem e quando param para investigar acabam descobrindo a doença.
Hoje trazemos a história da nossa endoamiga Giselle Selvatici que descobriu a endometriose meio que por acaso, já que estava demorando um pouco para engravidar. Foi quando sua médica investigou e acabou descobrindo a doença. Preparadas?!! Vamos lá conhecer a Giselle!!
Meu nome é Giselle Selvatici, tenho 34 anos e sou portadora de endometriose severa, diagnosticada no final do ano passado (2014). Minha endometriose, porém, é assintomática, por isso achei que valia a pena contar um pouco da minha experiência para o "Grupo de apoio às portadoras de endometriose e infertilidade", já que é bem diferente da maioria dos relatos que li. Acredito que quanto mais nos informamos sobre esta doença, mais fortes nos tornamos para lutarmos contra ela!
Sempre passei por
consultas anuais de rotina em ginecologista. No entanto, somente no ano
passado, ao questionar a médica sobre a demora em engravidar, pois já estava
tentando há 2 anos, ela pediu o exame de CA-125, que alguns
médicos ainda utilizam como marcador para endometriose.
Fiz exames de sangue,
ultrassom transvaginal padrão e colposcopia. Nenhum acusou nada, porém o CA-125
deu ligeiramente alterado, o suficiente para minha médica me pedir uma
ressonância magnética da pelve com protocolo de endometriose.
Foi aí que descobri
minha doença. Minha endometriose já estava num grau bem avançado, já que
demorei muitos anos para descobrir. Nunca senti cólicas incapacitantes, por
vezes nem remédio para cólicas eu tomava, apenas sentia inchaço e leve dor de
cabeça. Menstruei tarde, com 15 anos, e na época fui diagnosticada com ovários
policísticos, o que me ocasionava fluxo irregular e cólicas moderadas. Por
causa disso e por ter muitas espinhas, comecei a tomar anticoncepcional aos 22
anos e nunca mais parei. Talvez tenha sido por isso que minhas cólicas não
foram tão fortes ao longo dos anos, já que o anticoncepcional diminuiu o fluxo
menstrual...
Então parei de tomar a
pílula quando decidi que queria engravidar, há 2 anos atrás. Aos poucos, fiquei
com uma leve cólica no período menstrual, que às vezes era mais forte, mas que
com remédio era tolerável. Comecei a ter um desconforto na hora de ir ao
banheiro, também no período menstrual, mas nunca achei que fosse alguma coisa
para se preocupar.
É por essas e outras que
nunca desconfiei da minha doença... Também fiquei sabendo que tive muita sorte,
pois muitas vezes o exame de CA-125 dá falsos positivos e negativos, e ele só é
mais confiável quando o realizamos menstruada. Sem querer, fui fazer os exames de
sangue estando menstruada, e acredito que foi graças a isso que o resultado
saiu alterado (em tempo: em 2012, por um simples atraso menstrual, a médica
solicitou o mesmo exame, e o resultado NÃO havia saído alterado – e eu não o
fiz menstruada...).
Continuando, depois do
resultado da ressonância, minha ginecologista me encaminhou pra outro
profissional para que eu fosse tratada da doença. Por motivos pessoais, acabei
mudando depois de médico novamente, até chegar ao meu médico atual. Ele me
“mapeou” inteira, pediu “zilhões” de exames, inclusive outra ressonância e
ultrassonografia com preparo intestinal. Também acabei fazendo por 2 vezes (ou
melhor, com 2 médicos) exames de toque vaginal e retal, que também confirmaram
a doença, já que senti muita dor durante este exames.
Ambos os exames de
ressonância e ultrassom com preparo intestinal mostraram exatamente onde eu
tinha os implantes de endometriose e, portanto, de onde o médico deveria
retirá-los (ou seja, no ovário, ureter, vagina, intestino, e inclusive próximo
ao nervo ciático). Fiquei muito assustada, mas aqui vale um comentário: só se
trate num médico que você confia de verdade. Eu confiava no trabalho dele, já
tinha pesquisado sobre ele em vários sites, sobre a doença em si e relatos de
outras portadoras. Tudo isso nos ajuda a encarar melhor os desafios que temos
pela frente e a perceber que não estamos sozinhas nesta luta!
Meu médico sugeriu a
realização de uma cirurgia laparoscópica assistida por robô. A vantagem é que
esta tecnologia proporciona ao médico movimentos cirúrgicos com maior precisão
e melhor campo de visão, mas a grande desvantagem é o custo. Além disso, mesmo
se a paciente optar pelo uso do robô, vai enfrentar outro problema: como a ANS
(Agência Nacional de Saúde Suplementar) não exige que os convênios médicos
cubram este tipo de cirurgia robótica, ela terá que pagar o valor
integralmente, pois nenhum convênio cobre este tipo de cirurgia. Além disso,
tem outro problema: pouquíssimos hospitais no país têm o tal robô (que se chama
“Da Vinci”). Enquanto nos EUA já existem mais de 20.000 robôs, aqui no Brasil
tinha, até pouco tempo atrás, apenas 13... Ou seja, mesmo se alguém quiser
utilizar o robô, vai ter que verificar se algum dos hospitais que o possuem é
coberto pelo plano de saúde da pessoa, o que é muito difícil, pois, pelo menos
em São Paulo, apenas o Einstein, Sírio Libanês e Oswaldo Cruz possuem o robô. E
pagar absolutamente tudo (hospital, equipe médica e robô) é impraticável!!!
Sabendo disso tudo,
desisti de usar do robô... Então, no dia 17 de abril deste ano, fui submetida à
cirurgia laparoscópica padrão e a uma colonoscopia, sendo esta última para
verificar se não houve um maior comprometimento do intestino. Ocorreu tudo bem
(com exceção do fato de eu ter tido alergia à morfina...). O pós-operatório não
foi tão difícil e a cada dia que passa me sinto melhor! Hoje continuo em fase
de recuperação, uma vez que faz apenas 9 dias da cirurgia.
Como este meu relato,
gostaria de reforçar a ideia de que todas as mulheres, de tempos em tempos,
peçam ao seu médico ginecologista que faça um pedido de ressonância magnética
ou mesmo um ultrassom com preparo intestinal, mesmo para aquelas
que não apresentem nenhum sintoma ou anormalidade de ciclo menstrual. Como
mostrei aqui, muitas vezes não temos os sintomas, e estes exames conseguem
detectar a doença! E quanto antes a detectamos, mais cedo podemos começar o
tratamento e lidar com a doença da melhor forma possível, utilizando o
tratamento mais adequado para cada caso. Desta forma, evitaremos que ela
progrida para um grau severo, em que a melhor opção acaba sendo a laparoscopia
para a remoção dos implantes.
Espero ter ajudado um
pouco e fico à disposição para quaisquer dúvidas! Juntas somos mais
fortes!
Agradecemos a Giselle por ter enviado a sua história para publicarmos aqui no blog!! E se você quiser que a sua história seja publicada aqui também, envie para gapendi@hotmail.com que iremos publica-la com todo prazer!!!
Até a Próxima!!
Equipe Gapendi
Marília Rodrigues
Luciana Diamante